2010/02/28

Teorias da constipação

O homem dos mil ofícios em mais uma conspiração para denegrir o governo mais honesto dos últimos milénios.

Um homem que mais parece ter mil braços (leia-se tentáculos), que sempre conseguiu manter-se impoluto nesta pocilga que é a política. Para ele todo o meu respeito, estima pessoal e consideração.

P.S.: Basta o cartão rosa ou é preciso algo mais para participar nos lucros? Espero informações. Agradecido.

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Uribe e Chavéz

O visado disse acatar a decisão e prometeu continuar a servir a Colômbia "a partir de qualquer trincheira", informou a agência noticiosa espanhola EFE.

São estas as pequenas diferenças para um presidente socialista, candidato a tiranete de segunda classe, que governa a Venezuela.

2010/02/26

O altruísmo

No reino das águias carecas vivem-se momentos de eleição, onde o perdão vigora e o respeito pelos adversários é a tónica. É um prazer ver um vieira que mais parece ghandi e um costa que parece um mandela. 

I

Eu, em ti


Nos teus olhos vejo mentira, decepção
Sinto-te perdida, sem rumo definido
Vejo-te longe, imersa em confusão
Tentas agarrar-te à vida, nada faz sentido.

No espelho dos teus olhos vejo ilusão
Uma alma, um abismo, um vazio
Estou longe de ti, sinto-me esquecido
Quero afastar estas trevas, ver o clarão.


Kadhafi, o justo

Kadhafi apela à “jihad” contra a Suíça. Estes líderes muçulmanos usam a religião para se perpetuar no poder, para governar o seu povo com mão de ferro, mas sobretudo, para tirar dividendos pessoais. 
A Suíça, país civilizado que, bem ou mal, referendou uma lei, de forma democrática e participada, uma lei introdutora de laicismo, esse sim princípio de uma democracia sã e igualitária,  foi criticada pelos seus pares europeus e acusada de xenofobia e racismo. Porquê? Porque para os países muçulmanos, onde não há separação estado-igreja, os princípios misturam-se e confunde-se uma lei regula a expressão da fé, com uma lei que regula a expressão de uma cultura, de um povo, uma expressão enquanto cidadãos. São coisas diferentes, bem diferentes. Mas o interesse deste fulano nem é esse. Isso é areia para os olhos. É a retaliação pela sanção ao seu filho que num país civilizado se comportou como um émir do século XII e julgando-se espancou umas mulheres.   

Delicioso

 Luís Pedro Nunes, director do “Inimigo Público”: "Confio. Posso dizer que a minha confiança em Sócrates se mantém inalterada desde que descobri que ele não é de confiança. No I.

2010/02/25

Suspiro

Tive medo de me aproximar de ti, receio de te afastar com um suspiro, a ti, borboleta rara e frágil, capaz de causar ciclones no meu coração. Assim, fiquei calado, respirando para o vidro, ensimesmado, olhar fixo no horizonte de um vidro, no reflexo embaciado de uns olhos tristes que não reconheci como meus.
Saíste na paragem seguinte e  vislumbrei o teu perfil a desaparecer na curva do eléctrico.

2010/02/24

Oh the truth ou o sorriso do cínico

(...) the unequivocal beauty in the prime of her womanhood, putting one in mind of the statue in Lucian, with the surface of Parthian marble, and the interior filled with filth (...)
Pöe, the man in the crowd.

É desta forma cínica e viciada que encaro o sexo oposto com que me tenho cruzado nas últimas viagens da vida. À superfície, uma interessante cobertura, por vezes resplandecente, a cobrir um enjoativo recheio, que, por vezes, esconde uma imundice inenarrável, de ideias podres e sentimentos vazios. Será cinismo, será misoginia, será verdade...

True Blood

I wanna do bad things with you
I wanna do real bad things with you.

Ética e Razão

A deputada Medeiros foi eleita pelo círculo eleitoral de Lisboa. Morando em Paris, vem agora reclamar que o parlamento lhe pague uma viajem semanal para a sua residência, diz o I.
A eleição por um círculo ao qual, assumidamente, não se pertence, não sendo ilegal é eticamente dúbio. Perverte as regras que levam à existência de círculos eleitorais e à sua representação do que é a realidade demográfica do país, deste modo, possibilitando uma representação do povo mais real, naquela que é a sua casa. Os partidos, por regra, fazem gato sapato desta representação proporcional. Se esta ética é enviesada mais o será as exigências de deputados que aceitam participar neste jogo. Assumam-se as responsabilidades e consequências.
Esta exigência da deputada é tão pouco ético como razoável, pois inclusivé, exige condições que nem os deputados do círculo europeu beneficiam! Estes têm direito a 2 viagens mensais e a sra. deputada solicita 4! Haja decência!
Este assunto seria sempre de resposta breve por um parlamento que fosse a voz do povo e onde imperasse a ética e a razão. A sra. deputada que integrasse as listas da emigração. Não o tendo feito, que se resigne à situação que a sua falta de ética criou.

2010/02/23

A tese sem antítese...

«A notícia de hoje é, no mínimo, muito fantasiosa, porque é suposto que eu fosse "controlar" centenas de jornalistas na TVI, TSF, DN, JN e ainda os donos da Ongoing», diz Paulo Baldia.

«A tese de que sou um amigo do Governo faz caminho. É do conhecimento público que, há mais de 10 anos, assessorei dois socialistas (António José Seguro e Mário Soares) e, com notícias destas, muita gente pode ficar convencida que existe uma causa e um efeito, mas não existe», garante.

Meu caro Baldaia, é só ler as suas diatribes no JN! E porque será cronista do JN? Coincidência... Enfim, em síntese, quem escreve assim, não sendo amigo, será boy...  

Conversas na sétima arte

Como é que se chama, bom homem?

João de Deus.

Nome Santo. É crente?

Não é uma questão de crença, é uma questão de confiança.Deus é obscuro.

Graças à sua boa acção os anjos e os serafins rejubilam no Reino dos Céus.

Madre, não transforme um pequeno impulso aquático numa orgia celestial.

Tome lá cem escudos. Mas não gaste tudo em vinho.

Deus a abençoe, madre abadessa, por esta santa esmolinha.

Que Deus o acompanhe.

Mais vale só...que mal acompanhado.

Ó Agostinho, toma lá cem dólares, mas não gastes tudo em freiras.

Muito obrigado, meu bom senhor.

Verifico com alegria que ainda há gente honesta neste mundo.

As irmãs da caridade, pum!
Têm um buraco no cu, pum!

Que lhes fez o Padre Santo, pum!
Com a chave do baú, pum!


Este diálogo magnífico, pleno de mordacidade com laivos de malvadez veio-me à memória depois de ler no I de hoje que um padre foi suspenso depois de gastar 17 mil euros em chamadas para linhas eróticas.
O mal da igreja está na castração conta natura dos seus servidores que, não raras vezes, degenera na perversidade. Esta, escondida, como um fungo pervertedor, infesta as raízes da instituição, longe da luz, onde os antigos e actuais pensadores da teologia católica a mantêm. 

Conversas na sétima arte

[Asked what he thought of the book, Dracula]
Max Schreck: It made me sad.

Albin: Why sad?

Max Schreck: Because Dracula had no servants.

Albin: I think you missed the point of the book, Count Orlock.

Max Schreck: Dracula hasn't had servants in 400 years and then a man comes to his ancestral home, and he must convince him that he... that he is like the man. He has to feed him, when he himself hasn't eaten food in centuries. Can he even remember how to buy bread? How to select cheese and wine? And then he remembers the rest of it. How to prepare a meal, how to make a bed. He remembers his first glory, his armies, his retainers, and what he is reduced to. The loneliest part of the book comes... when the man accidentally sees Dracula setting his table.


A ideia de uma compaixão quase superior por uma figura sórdida, vista na sua redução ao humano quotidiano. 

2010/02/22

Ao longe... O Sul...

E em verdade mais ninguém me levará ao Sul, àquele lugar especial, tão verdadeiro quanto mitológico, onde me encontrei, me completei e fui feliz. Desvanecido, faz agora parte de uma bruma na memória, que persiste, que regressa, por vezes, pujante, em sonhos vívidos e pungentes.
A esse Sul, que não é ponto cardeal nem existe na bússola, não posso regressar. Fico-me pela contemplação longínqua de expatriado em processo de adaptação a uma nova forma de vida, a uma nova terra. Como um desterrado de uma imaginária Atlântida contemplo, no nevoeiro da memória, a ilha, ao longe, onde só eu sei que existe, com esperança na resignação que, inevitavelmente, há-de surgir. Enquanto, sofro a distância que se dilata, com uma serenidade nervosa que, sem o sentir, me vai acalmando.

Há amor eterno
Sem nunca, talvez
Amor tão certo
Que acaba de vez


Donna Maria, "Sempre para sempre". 

2010/02/21

Abertura

Lamento per il Sud  

La luna rossa, il vento, il tuo colore
di donna del Nord, la distesa di neve…
Il mio cuore è ormai su queste praterie,
in queste acque annuvolate dalle nebbie.
Ho dimenticato il mare, la grave
conchiglia soffiata dai pastori siciliani,
le cantilene dei carri lungo le strade
dove il carrubo trema nel fumo delle stoppie,
ho dimenticato il passo degli aironi e delle gru
nell’aria dei verdi altipiani
per le terre e i fiumi della Lombardia.
Ma l’uomo grida dovunque la sorte d’una patria.
Più nessuno mi porterà nel Sud.

Oh, il Sud è stanco di trascinare morti
in riva alle paludi di malaria,
è stanco di solitudine, stanco di catene,
è stanco nella sua bocca
delle bestemmie di tutte le razze
che hanno urlato morte con l’eco dei suoi pozzi,
che hanno bevuto il sangue del suo cuore.
Per questo i suoi fanciulli tornano sui monti,
costringono i cavalli sotto coltri di stelle,
mangiano fiori d’acacia lungo le piste
nuovamente rosse, ancora rosse, ancora rosse.
Più nessuno mi porterà nel Sud.

E questa sera carica d’inverno
è ancora nostra, e qui ripeto a te
il mio assurdo contrappunto
di dolcezze e di furori,
un lamento d’amore senza amore.

Salvatore Quasimodo