2003/11/14

Sobre Deus (1)




Quando penso em Deus não posso deixar de por a questão do será uma criação da mente humana ou será o criador do ser humano (logo da mente humana)? E raios partam, se isso não me dá cabo da cabeça... É bem verdade que de Deus nada se conhece. Toda a crença nele, ou em qualquer outra entidade criadora, reguladora e divina baseia-se na fé. E o que é a fé? É acreditar que algo criador e superior existe? Mas a fé pode relacionar-se com tantas outras coisas... Tudo para o que não temos certezas, mas que faz parte das nossas crenças será fé? Será aquele que acredita na pureza do ser humano, mas é ateu, detentor de menos fé que um religioso que acredita em Deus? Se acreditarmos nas características que os humanos decidiram atribuir a Deus, e aqui volto eu à questão inicial, a fé torna-se um caminho espinhoso, árduo e com poucas respostas. Porque Deus não pode ser tão paradoxal e humano como o pintam... A entidade que hoje é venerada pelas três religiões principais, o Cristianismo, o Islamismo e o Judaísmo (pelo menos para mim são estas três) é abusiva, controladora, limitadora, perversa, no fundo muito humana. A perversidade de livros como a Bíblia, a Tora ou o Alcorão é destruidora de uma religiosidade saudável, apaixonante, libertadora.
Vou falar da Bíblia que é o que conheço melhor. O Apocalipse tem em si toda a loucura de um visionário louco e com sonhos de destruição que se refugia nessa luta que não liga aos meios para atingir fins. Como se pode pensar a extinção de seres para acabar com a maldade que para haver livre arbítrio é imperativo que exista? Mas se esse mal tem que existir como se concilia com o bem, sendo que, o bem tem que ser recompensado (ou talvez não). Não acredito em grandes castigos ou benesses celestiais. Nem pode ser muito bom nem muito mau. Se um Inferno existir estaremos a ele condenados ou dele absolvidos com base em regras tão arbitrárias e que pouco definem a conduta moral dos indivíduos que por elas se regem? Será possível tamanha arbitrariedade para decidir algo tão importante como o “para toda a eternidade”?
Não sou ateu nem agnóstico. Mas, meu Deus, é tão difícil ter fé...




(MC: Se te fosse possível gostava de escrever mais contigo sobre este assunto. Que achas?)





 Os mistérios da fé



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