2004/12/02

(Dis)solução?


O Presidente da República, Jorge Compaio, sim esse que é o único que presta, já que o outro é apenas uma marioneta com a mão do filósofo Sócrates enfiada no cú, cresceu e apareceu com a dissolução da Assembleia. Destinado a passar à história como mais um "boneco" político mudou a atitude serena que asssumiu. E deu o grito do Ipiranga com a sua Solução.


Esta solução parece ter sido muito bem pensada. Aliás, já estaria pensada aquando da nomeação de Santana para o cargo de PM. Ofereceu a Santana o governo de Portugal? Não! Absolutamente não! Ofereceu sim aos caciques do PS vários presentes.


Primeiro, a mudança. Deu ao líder do PS, que já não tinha futuro político, a possibilidade de uma saída airosa e pelo seu próprio pé, quando já havia muitos cheios de vontade de o empurrar. Assim, um nada saiu airosamente do confronto político directo sem mácula, fazendo esquecer os Piagates e outros desaires. E saiu acentuando um falacioso confronto de interesses entre o PS e o seu PR (sim seu. Pelo menos meu não é. Já pedi a cidadania espanhola! Abaixo o 1º de Dezembro! Viva Filipe de Portugal e Espanha!)


Segundo, a eliminação. Ao apoiar Durão Barroso, fazendo-o crer na sua falsa boa fé, despachou-o do país. Este fez depender a sua eventual saída da decisão do PR aprovar um novo governo PSD/PP. O PR ainda teve oportunidade para fazer um teatrinho com o Conselho de Estado e os líderes dos partidos. Uma bonecada. Depois o golpe de mestre. Eliminou um opositor que sempre odiou. Freud explicaria esse ódio. O carisma de PSL faz disto... Fazendo Santana governar obrigou-o a cometer erros. A sua constante ameaça de que tinha na mão a bomba da dissolução condicionou PSL logo desde a escolha de nomes para integrarem o seu governo. Quem estava disponível para integrar um governo que estava sobre ameaça permanente do PR? Obviamente poucos responderam ao repto do PM. E se virmos a análise dos perfis dos que vão ser ex-ministros vemos que apenas dois são políticos sem colocação de emprego bem garantida. Todos os outros têm soluções profissionais invejáveis. À falta de gente juntou-se a gula do parceiro de coligação que resolveu tirar dividendos políticos da situação impondo no novo governo mais dos seus. A dança dos nomes, as promessas apressadas de um PSL sob grande tensão e o crescimento da influência do PP no governo causou ressentimento na população e no próprio PSD. Inevitavelmente, PSL estava a ser ludibriado. Sendo assim, o que poderia (e na minha opinião deveria) ter feito PSL?

Recusar-se a formar governo e, desta forma, fazer com que Durão permanecesse em Portugal. Se ele tivesse optado por isto, quem, em boa consciência pode dizer que seria o melhor para Portugal? Quem? Temos um Presidente da Comissão Europeia PORTUGUÊS! O maior cargo europeu é ocupado por um PORTUGUÊS. Haverá néscios que não vejam a importância disto. O relevo, o destaque dado a este pedaço de terra que ninguém lá fora conhece. Para mim, que vou ser espanhol este questão nem se põe. Mas os abstuntos que estão sempre a badalar o seu portuguesismo deviam estar orgulhosos. Mas não. Desprezam e inferiorizam o cargo.


Formar governo mas não ceder às pressões de Portas? Pois sim! Toda gente sabe muito bem que PP não hesitaria em fazer cair a coligação. PSL conhecia bem os humores e ambições de Portas. Não se lembram da candidatura à Câmara de Lisboa? PSL tinha que ceder se queria manter a estabilidade governativa. Será que os militantes que agora criticam este facto a PSL tão pouco objectivos que não veriam esta condição de chantagem que também não agradava a PSL mas a que se tinha de submeter? São assim tão ceguinhos?!


Manter as suas primeiras promessas feitas à pressão e ainda sem saber que teria que as submeter aos nomes que seria obrigado a escolher, quer por falta de alternativas, quer fruto de imposições? Teria sido mais sensato? Não teria sido obrigado a silenciar nomes que depois bateriam com a porta? E isto em nome da coerência. PSL optou, mais uma vez obrigado pela conjuntura, por manter a estabilidade. Fez mal.


PSL não teve escolha. O governo foi o possível. O apoio do partido sempre foi ténue e circustancial. A companhia de Portas revelou-se gulosa e menos importada em manter a estabilidade. O PR ficou a congeminar a solução. O governo não tardaria a cometer erros. Os erros são inevitáveis em qualquer governo. Olhe-se a brilhanteza da era Guterres! Mas ao perverso PR não chegava um erro ou dois. Era preciso que o governo se fosse enterrando. O governo que era uma merda não tardou a fazê-lo. Os Santanistas que PSL levou para o governo estavam tão cheios de ambição que foram os primeiros a fazer asneira. Os barrosistas estavam no governo circustancialmente. E no fundo odiavam PSL. Do PP vieram polémicas. A isto tudo assistia o PR como um lobo à espera que a presa adoeça... Sorrateiro ia mandando as suas bocas para o governo se sentir mais pressionado e assim mais erros somar. Os ministros e o PM não podem ser desculpados pela até agora má governação. Mas convenhamos. O governo entrou em funções à quatro meses. Quanto às questões económico-financeiras podia haver discordâncias políticas mas este orçamento estava longe de ser comprometedor para a população. Na matéria fiscal estavam a ser feitos avanços. O que é que as pessoas queriam? Quando tiveram a austeridade da Ferreira Leite ganiam e praguejavam. Agora que o cinto ia alargar um furo já tinham medo do descalabro? Em quatro meses o governo conseguiu o impossível. Primeiro fazer com que a população se interessasse pelas finanças. Esta população que não percebeu o caos durante SEIS anos de governação guterrista estava agora consciente de que o governo estava a encaminhar mal as finanças públicas. E tudo isto sem manipulação dos media... Deixem-me rir! Ou chorar... Nem sei! Quais foram as decisões legislativas que este governo teve tempo de implementar? As decisões ainda vinham na calha e já o povinho estava aos gritos contra elas! Portanto, o PR não tinha matéria de facto para demitir o governo. Mas tinha razões... Perversas razões...


Terceira razão. Um líder socialista que pudesse porfilhar. Entronizando um líder socialista saíria da vida política como sempre quis sair. Levado em ombros pelo partido. Finalmente o PS tinha um líder mediático e com carisma (também com a comparação com Ferro que é a que fica na retina...). Só havia um problema. No PSD estava o mais brilhante político da actualidade. (Vejam lá que até o túnel da polémica foi retumbantemente uma aposta ganha como o provou a decisão do Supremo Tribunal Administrativo. O Sócrates, o Louçã e companhia podem meter este argumento no caixote.) Mas como já ficou demonstrado acima havia que eliminar essa concorrência. E o PR assim o fez.


Esta decisão é disparatada. É para inglês ver. O PR criou a instabilidade e o caos. É tão inusitada que nem as regras foram seguidas. A decisão de demitir o governo foi tomada antes de consultar o Conselho de Estado e os líderes partidários com assento parlamentar. Nem o Presidente da Assembleia da República foi informado. É a pouca vergonha. Não é uma palhaçada a convocação do Conselho de Estado? O que vão debater? Porra, se a decisão já foi anunciada estes próximos passos vão ser uma palhaçada. Mais uma mostra da incompetência e má fé do PR.


Agora uma bordoada que não pode ficar por dar. Cavaco Silva. O que é que ele queria? Odiará assim tanto PSL? Se nas presidenciais o PSD apoiar este cidadão eu vou votar em branco. Não voto nesta figura que se descridibilizou, que agiu contra os interesses do partido e dos portugueses. Com isso cometeu uma grande injustiça com o PSD na figura do seu líder. Ele acabou com a sua popularidade junto dos portugueses. Com os seus tabus afundou durante anos o partido. Mesmo assim tudo lhe foi perdoado. E sempre foi o candidato do partido para o que quis. Quando perdeu para Sampaio foi fervorosamente acarinhado por quem votou nele e não se revia em Sampaio. Quando decidiu não se candidatar nas eleições seguintes, sendo quase certa a derrota, nada lhe foi pedido. Os militantes mais uma vez estiveram com ele e perceberam que era melhor Sampaio sair para evitar a humilhação e depois apresentar-se. Desta vez com todas as possibilidades de vir a ser Presidente. E o que é que ele faz? Desanca o líder do partido. Pois muito bem. Estive com ele em todos os desafios anteriores. Mas desta vez foi demais. Acabou. E mais. Os caciques do PSD. Têm tanto ódio a PSL que preferem o PS a governar? Que raio de partido é este? O PSD foi a principal oposição a este governo. E como cordeirinhos ajudaram o PR no seu maquiavélico esquema. Os militantes serão tão estúpidos que se deixem levar nas loas destes putativos donos do partido?


Quem acha que agora o país está melhor tem sorte. Vive no País das Maravilhas. No mundo dos sonhos. Num mundo de fantasia. Eu, que infelizmente não me consigo abstrair da realidade estou de luto. O país vai mal. Este Presidente é um bom cangalheiro. Um mau Presidente, um bom socialista e fundamentalmente um péssimo PORTUGUÊS! Ainda bem que vou ser espanhol! Viva la España!


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