2003/09/20

Quem dá o pito?

Qual é a festa da cidade de Vila Real em que as raparigas dão o pito aos rapazes?
Não, não é a queima das fitas. Nem a recepção ao caloiro. Nem o pito é o que vocês estão a pensar. É na festa de Santa Luzia, celebrada em Vila Real a 13 de Dezembro, que as raparigas dão o pito (pastel de massa folhada recheada com chila) e os rapazes dão a gancha (barra de rebuçado em forma de cordão).

2003/09/15

Quem dá o pito?




Qual é a festa da cidade de Vila Real em que as raparigas dão o pito aos rapazes?
Não, não é a queima das fitas. Nem a recepção ao caloiro. Nem o pito é o que vocês estão a pensar. É na festa de Santa Luzia, celebrada em Vila Real a 13 de Dezembro, que as raparigas dão o pito (pastel de massa folhada recheada com chila) e os rapazes dão a gancha (barra de rebuçado em forma de cordão).
Arafat (crime e barbárie) à custa do P.C.P.




Foi com consternação que ouvi a mensagem que Yasser Arafat enviou ao P.C.P. a agradecer o apoio político e financeiroà causa palestiniana. Apoio político, eles lá sabem, têm a que têm e não mudam. Mas subsidiar o terrorismo é de bradar aos céus. Esses Srs. do Comité Central já pararam para pensar que alguns dos inocentes israelitas barbaramente assassinados podem tê-lo sido com o vosso dinheiro? O vosso dinheiro serve para derramar sangue, para tirar vidas humanas, para atentar com barbárie e desumanidade contra toda a humanidade. Mas, que digo eu. Para vós, na questão israelo-palestiniana não há inocentes do lado israelita. Todos os judeus são culpados de ocupar um território que não lhes pertence, logo, todos os meios usados para os penalizar são válidos e lícitos. Do lado palestiniano não há vingança, não há barbárie, não há terrorismo, há apenas uma reacção de indignação perfeitamente compreensível e aceitável. Terroristas são os israelitas que só eliminam alvos tácticos, militantes de grupos terroristas, chefes responsáveis directamente pela violência no Médio Oriente. A campanha palestiniana é justíssima. Ter como alvo toda a população israelita, assassinar indiscriminadamente qualquer cidadão judeu, ainda que concorde com a criação do estado palestiniano, é o terrorismo por uma causa.
Conselhos ao camarada Carvalhas




Camarada, ando preocupado consigo. Com os desastres sociais que se vivem nos países da ex União Soviética sempre nas bocas do mundo, verdadeiras catástrofes humanas e sociais, um clima de instabilidade social gritante e o camarada não comenta o assunto. Quanto mais não seja dar uma palavra de esperança àquele povo amigo e irmão que não tem pejo em revoltar-se contra o capitalismo. As manifestações pela volta ao comunismo nesses países está a mostrar ao mundo qual é a verdade. O povo não é comunista porque é obrigado, é-o porque acredita nos ideiais de um mundo melhor. Camarada, se o dinheiro é o motivo para não se deslocar a esses países para lhes prestar apoio eu tenho solução. Peço-lhe sigilo porque a informação que lhe vou revelar ainda é classificada. O seu amigo Saddam, que o PCP visitou antes da guerra nacionalizouuma boa parte das reservas do Banco do Iraque. Peça-lhe ajuda. Vai ver que um homem altruísta e bondoso como ele não hesitará em dá-la. Mas voltemos à catástrofe dos países ex-comunistas. A situação económica destes é miserável. Mas graças ao comunismo são pessoas esclarecidas e educadas, com qualificações bem superiores às dos habitantes dos países infestados pelo capitalismo. E prova de que seguem os ideais comunistas é virem para os países ocidentais pregar o comunismo. Médicos, Engenheiros, vêm para esta dura missão imbuídos de grande abnegação. Prova disso é desempenharem funções pouco qualificadas e com baixa remuneração. Mas mesmo isso é uma prova de que a escolarização comunista resultou. Se um médico é trolha no ocidente imagine-se o que seria um trolha de leste. Um escravo dos gulags ocidentais! Mas na União Soviética pensava-se no futuro.
O P.C.P.




Este partido já morreu, já fede e no entanto os mortos-vivos dos seus militantes insistem em inundar-nos com as suas ignorantes e despropositadas ideias. Haja paciência! O PCP é um partido anacrónico, desvirtuado de ideais, agarrada a um saudosismo de algo que nunca implementou e que já está completamente desacreditado. Como li num jornal nacional, esta festa do Avante com os seus discursos repetitivos, cópias descaradas do que outras mentes anquilosadas escreveram no passado, tanto poderia ter ocorrido no séc. XIX como ocorreu agora. Carvalhas a citar Lénine e a sua batalha contra os renovadores para servir de mote à mais recente caça às bruxas do PCP. Camarada, cuidado com os procedimentos. Não se ponha por cá com as ideias de afastamento dos renovadores do seu herói de pataca e meia. Em Portugal vivemos numa democracia. Não podemos matar quem não gosta de nós, como fazia o seu idolozeco. Senão, acredite-me, o camarada já era pó há muito. Esta esquerda tão antifascista que me faz lembrar aqueles homens homossexuais que estão sempre a falar mal da homossexualidade e dar uma de machões. É que geralmente quando se insiste muito numa cassete é porque há gostos insuspeitos por trás. Ainda por cima vindos do partido mais antidemocrático que conheço. Mas que não se faz rogado a dar lições de democracia a quem não as precisa. Geralmente é assim, critica-se a desarrumação da casa dos outros quando a nossa está em pantanas.
As ideias são primárias, o seguidismo e o populismo barato imperam. As frases mais sonantes sobre o povo e os seus ideais, parecem tiradas de literatura de cordel. Se as ideias pesassem as do PCP seriam uma pena. A intelectualidade desses senhores é nula. Defendem ideias que lhes incutiram, sem nunca as terem pensado, discutido. Como o despudor com que defenderam e, bem lá no seu íntimo defendem, o estalinismo foi duramente criticado pela população, mesmo por alguns sectores de ideias mais arejadas (os demónios dos renovadores), viram-se agora para o leninismo. À falta de causas juntam a falta de bom senso.
O PCP e o 11 de Setembro




Um deputado comunista, António Filipe, saiu-se com uma resposta espatafúrdia ao jornalista do JN em que a ideia é dizer que as desigualdades e as ameaças ambientais são temas mais importantes que o terrorismo. Mas que mostra de invulgar ausência de espírito. Na ânsia de criticar a América e a sua luta contra o terrorismo produzem-se declarações destas...
A ameaça à continuação do mundo e à manutenção de uma sociedade tal como está dependente, em curtíssimo prazo, da erradicação das desigualdades e das ameaças ambientais. Pois sim, por mim as desigualdades não me importam. São inerentes ao ser humano e, quando muito, podem ser amenizadas. Para o normal curso da humanidade elas vão continuar a existir e só no plano das utopias muito sonhadas mas nunca tentadas desaparecerão. As ameaças ambientais que esperem. A chuva ácida mata muitas árvores mas, o terrorismo ceifa muitas vidas humanas inocentes. Mais importante que o buraco do ozono aumentar uns Kms, aumentando com isso em 0,00000000000001% a probabilidade de eu apanhar cancro de pele e etc e tal é a possibilidade de explodir uma bomba num avião, barco, autocarro em que circule. Comparar o terrorismo aos dois problemas anteriores é falccioso e perturbante. Faz-me pensar no que seria a nossa defesa deste perigo se esses srs tivessem voto na matéria.
Declarações destas a 11 de Setembro, quando milhares de pessoas choram os seus mortos, no dia em que 3000 pessoas perderam a vida no atentado mais bárbaro de sempre são insultuosas.
Origem medieval de algumas expressões actuais


Sangue Azul- Na península, os mouros tinham a pele mais escura que os portugueses ou espanhóis. Estes últimos, para se distinguirem intitularam-se como de sangue azul. Isto porque por terem a pele mais clara viam-se as veias azuis. Mais tarde, este termo, passou a ser usado para definir toda a nobreza europeia.


Free Lance- Um cavaleiro, ou outro homem de armas, sem ligação a um senhor feudal, e assim livre para aceitar emprego onde o houvesse. Um mercenário.
O terror da Inquisição.

A Inquisição foi o genocídio mais longo da história. Alterou profundamente a sociedade e sobreviveu no tempo às várias orientações de pensamento social que se foram sucedendo. Começou na Itália, em 1163, com o Papa Alexandre III (1159-1181), O Inquisidor. Seguiram-se a Alemanha, onde a Inquisição teve grandes dificuldades em instalar-se e a França onde a Inquisição foi bem recebida pelos monarcas Luís, O Pio; Filipe, O Justo e Carlos IV. Mas, onde a Inquisição prosperou foi em Espanha, onde se implantou com os grandes carrascos Torquemada e Ximenes. Em Portugal, a Inquisição instalou-se apenas em 1536, com D. João III (já D. Manuel I tinha pedido a sua instalação em Portugal) e terminou em 1821, com D. João VI. Em Portugal e em Espanha estava subordinada ao poder régio, o que explica a sua durabilidade e aparecimento tardio. Foi um instrumento de repressão e controlo do estado tendo servido para controlar a expulsão e conversão (e expropriação) dos judeus.


Segmentos do Terror
O confessor e mesmo o juiz são aconselhados a falar com o prisioneiro em privado e mediante a promessa de perdão e misericórdia, exortá-lo à confissão. O Malleus Maleficarum sugeria ao juiz a possibilidade de este prometer ao condenado: “Se confessares serei obrigado a não te condenar à morte”, mas podendo a qualquer momento pedir a sua substituição por outro juiz livre de pronunciar qualquer sentença.
“O suplício inquisitorial enche os assistentes de terror, é a aterradora imagem do que será o juízo final. Ora, é exactamente este terror o sentimento que melhor convém inspirar.”
Esta afirmação foi retirada do Inquisidor Emérico, 1320-1399.
Este é uma descrição da tortura diabólica aplicada a uma mulher, no ano de 1631:
"(1) The hangman binds the woman, who was pregnant, and places her on the rack. Then he racked her till her heart would fain break, but had no compassion. (2) When she did not confess, the torture was repeated, the hangman tied her hands, cut off her hair, poured brandy over her head and burned it. (3) He placed sulphur in her armpits and burned it. (4) Her hands were tied behind her, and she was hauled up to the ceiling and suddenly dropped down. (5) This hauling up and dropping down was repeated for some hours, until the hangman and his helpers went to dinner. (6) When they returned, the master-hangman tied her feet and hands upon her back; brandy was poured on her back and burned. (8) Then heavy weights were placed on her back and she was pulled up. (9) After this she was again stretched on the rack. (10) A spiked board is placed on her back, and she is again hauled up to the ceiling. (11) The master again ties her feet and hangs on them a block of fifty pounds, which makes her think that her heart will burst. (12) This proved insufficient; therefore the master unties her feet and fixes her legs in a vise, tightening the jaws until the blood oozes out at the toes. (13) Nor was this sufficient; therefore she was stretched and pinched again in various ways. (14) Now the hangman of Dreissigacker began the third grade of torture. When he placed her on the bench and put the I shirt' on her, he said: 'I do not take you for one, two, three, not for eight days, nor for a few weeks, but for half a year or a year, for your whole life, until you confess: and if you will not confess, I shall torture you to death, and you shall be burned after all. (15) The hangman's son-in-law hauled her up to the ceiling by her hands. (16) The hangman of Dreissigacker whipped her with a horsewhip. (17) She was placed in a vise where she remained for six hours. (18) After that she was again mercilessly horsewhipped. This was all that was done on the first day."
O fundamentalismo da caça às bruxas revela-se neste episódio passado em Basileia, na Suíça, no ano de 1474. Foi movido um processo inquisitório a um galo diabólico que teria sido presunçoso a ponto de pôr um ovo. Foi julgado e condenado a ser queimado publicamente por ordem das autoridades da boa cidade de Basileia.

Curiosidade: As cerimónias públicas em que eram queimadas as vítimas da inquisição eram os Autos-de-fé. Esta palavra portuguesa foi adoptada noutros países do mundo, nomeadamente em Inglaterra, dizendo-se auto-de-fé e não act-of-faith.
Estabilidade social e educação – caso do Reino Unido




Estava a ver uma notícia sobre a escolaridade de indivíduos negros no Reino Unido. É muito menor que a dos brancos e outras etnias. Só 40% dos estudantes negros do secundário acabam o liceu. Um fosso educativo estabeleceu-se entre a etnia negra e as outras, logo, a tendência será o agravamento das tensões sociais. Esta parcela da população, que na maioria nem acaba o liceu, vai ter menos possibilidades de colocação em boas profissões, com boas remunerações e boas condições de vida. O caminhar para o estabelecer de guetos sociais cada vez mais difíceis de erradicar parece uma certeza. O fosso educacional tende a agravar-se nas gerações futuras, com o aumento do sentimento de revolta dos jovens. A segregação futura para que propendem tende a reflectir-se em aumento do crime e no despontar da vida marginal como carreira.
Um responsável da comunidade negra pelo estudo do problema da educação dizia que os estudantes negros tinham entradas fulgurantes na vida escolar mas que, por volta dos 10, 12 anos tinham quebras de rendimento muito grandes, principalmente no sexo masculino. Ele sugeria como hipótese a dificuldade na transição de ritmo entre a primária e a secundária. Estão a ser criados vários mecanismos para modificar esta situação, entre os quais a criação de escolas em que os formadores são os pais dos alunos e todos os professores são negros. Dizia um destes pais/formadores que, actualmente, os jovens negros pensam mais na sua integração em grupos marginais do gueto, em não trabalharem, em dedicarem-se mais ao crime. Grande parte por influência da filmografia negra dos Estados Unidos.
O verdadeiro combate ao racismo e à perfeita integração de todas as etnias num conjunto social parte pela educação. Agora um dos problemas que o caso inglês nos coloca é a possibilidade dos tempos de aprendizagem da etnia negra ser diferente da do padrão branco. Até que ponto será possível ultrapassar o tabu da igualdade total para se admitirem diferenças que depois de identificadas e feitas as adaptações a cada segmento da população, se traduzirá no aumento da estabilidade social, diminuição dos comportamentos sociais desintegrantes e disruptivos.
Sobre a Justiça




Os eclesiásticos que na Idade Média eram chamados a baptizar um monstro, usavam da prudente fórmula restritiva: “Se acaso é que acaso és um ser humano”. Bem podemos esperar ouvir uma sentença proferida nestes termos: “O tribunal condena o acusado à pena de morte, salvo erro.”.


Jarry, em L’erreur judiciaire
Fim do mundo




"...o que dá o sentido o sentido do mundo depois do fim do mundo (...) o sentido de que o mundo é o fim de tudo o que há no mundo. A única coisa que há no mundo é o fim do mundo."


Italo Calvino em Se numa noite de inverno um viajante
Conversas Ecuménicas




Os intervenientes nesta troca de ideias são um católico em fase de redefinição de valores religiosos e morais (F., sexo masculino, Português) e uma evangélica com definições religiosas rigorosas (A., sexo feminino, Brasileira).


A : Vou colocar um pouco de espiritualismo em você... Pode ser?
F : Não vais conseguir. Lembra-te. Deus morreu.
A : Mas ele ressuscitou, esqueceu?
F : Quem disse?
A : A história...
F : Não, a fé.
A : Também...


(...)


A : Só de religião, até parece que você gosta desta conversa...
F : Claro! É sempre bom esclarecer alguém...
A : Ah, e sobre o que você vai me esclarecer?
F : A igreja como decadência social e fonte de insanidade e atraso cultural para a sociedade contemporânea.
A : Também concordo, mas você tá falando do catolicismo... Insanidade acho que não...
F : Pelo contrário só o catolicismo contribuiu para a abertura de mentalidade.
A : Em que sentido?
F : A evolução tentando explicar os primeiros conceitos científicos e político-culturais como avanços sociais.
A : Você confundiu minha cabeça vou ser bem sincera...


(...)


A : Eu disse que não entendi a sua colocação, em relação à importância do catolicismo na abertura da mentalidade humana...
F : Quem pode ignorar o avanço sociológico que foi o catolicismo?
A : Ah, tudo bem, mas você há-de convir que o catolicismo também monopolizou bastante, sem deixar que os homens tivessem liberdade de expressão.
F : Não acha que as novas religiões (dentro do novo paradigma sociológico mais liberal) conseguem oprimir ainda mais os seus fiéis.
A : Não. Porque você acha isso?
F : Os credos são mal definidos.
A : Como assim?
F : Não há suporte histórico para essas religiões. Além do mais não religião paralela que não exija dinheiro aos fiéis. E friso EXIJA.
A: É uma discussão e tanto esta que nós teremos se continuarmos nesse prisma...

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Nunca darei o meu coração,
Com uma mulher jamais me unirei.
Um amor feliz é a individualização
De sentimentos que, apesar de meus, partilharei.


Porque dizeis que é má a solidão,
Será que nela não vivereis?
O amor esse não aparece, é uma construcção,
Mas da solidão à partilha, a nada, renunciarei!


Regra




A ideia austera do mundo trespassa-me
Invade a minha alma
Conquista a minha razão.


2003/09/05

Novela, O João e o telemóvel mágico.




João era um pequenito de Maxial. Num dia infernal, devido aos gigantescos incêndios que assolaram esta pequena terra, e nos quais o nosso pequeno herói começou a dar mostras do seu grande carácter ao ajudar os bombeiros indo-lhes, abnegadamente comprar tabaco, fósforos, isqueiros e gasolina, esta aldeia ficou isolada, sem telefones. Mas aí o pequeno João pegou no seu telemóvel mágico e disse: velhinhos e velhinhas, menos velhinhos e menos velhinhas, eu tive um sonho. E nesse sonho via tudo preto. E não, não estava com os meus pais na Damaia. Dessa escuridão, a que por sinal já estou habituado, vi surgir uma luz verde. E essa luz verde piscava intermitente. Pensei ser Deus, mas Deus não é verde, é azul, como ficou na terça provado (isto era o pequeno João a fazer uso dos seus ainda desconhecidos poderes divinatórios). E a essa luz seguiu-se uma música, cada vez mais alta. Era a Assereje das Ketchup. Percebi então que era o meu telemóvel mágico. Surgido das nuvens como o super-homem, só que não voava, nem tinha super-poderes, nem uma capa e era sempre o mesmo telemóvel. E Deus disse-me, perdão, o telemóvel mágico disse-me, XPTO, o seu saldo é inferior a 5 euros, favor recarregá-lo. Aí eu percebi que desígnios mais altos se levantavam para mim. Fiz-me herói, e agora meu povo vos digo: Nunca mais ficará nenhuma chamada por fazer no Maxial! Ao acordar do meu sonho fiquei danado pois para além de não ter sonhado com a Marisa Cruz, o que eu tanto queria, acordei todo mijado e raios partam ainda levei uns tabefes da minha avó.
Passado algum tempo... o telemóvel mágico começou a apresentar sinais de cansaço. Estava riscadote, já (se) ouvia mal, microfone avariado e chips confundidos, o que fez com que a fada madrinha BODAFONA o substituísse. Foi então enviado para o seu último lar, o Aterro Sanitário de Alguidares de Baixo que o de Cima estava cheio. Não há dia em que o João não pense no seu telemóvel mágico e diga, aquele cabrão estava mesmo a precisar de ir pró lixo, e então primeiro a medo e depois em catadupa as lágrimas qual rio revoltoso apoderam-se da cara do pequenito João. Há quem diga que é do fumo que ainda chateia Maxial. Mas não, o nosso pequeno herói era um ser piedoso. Então a fada madrinha trouxe um novo ajudante ao pequeno João. Este era um topo de gama, com toques polifónicos, ecrã a cores, jogos e câmara fotográfica. Esta última funcionalidade serviu de muito para a vida do João. No início começou por tirar inocentes fotografias a velhinhos e velhinhas sorridentes. Mais tarde, e vendo as potencialidades que estavam aos eu alcance, começou a chantagear os Maxienses. Ninguém escapava à câmara pidesca do pequeno João. Foram as fornicações próprias e impróprias, roubos e sacanices, até a burra da Ti Alzira foi chantageada por ser amante do Ti Zé das couves. E Maxial nunca mais foi a mesma...
A pobreza de conteúdo dos noticiários (e a história do pequeno João)




Desta pobreza é expoente máxima a SIC. As notícias do jornal da noite são uma colagem do jornal da uma. Actualiza-se uma ou outra, algum escândalo que se passou à tarde e já está. Deve ser fácil trabalhar assim. Haja respeito por quem vos vê. O cúmulo deu-se ontem dia 4. Como teaser durante a exibição da telenovela que o precede, passavam em rodapé algumas notícias. A primeira era que George Clonney tinha aceite uma proposta de casamento feita em directo. O que passou em claro aos responsáveis pela notícia foi que esta já tinha sido dada à uma pela SIC e pelas outras estações como uma brincadeira. Fora a publicação nos jornais do mesmo teor. A segunda dizia que o pequeno João do Maxial já tinha um telemóvel que tirava fotografias. Isto é que é um acompanhamento da sociedade portuguesa e das suas atribulações. Até proponho à TVI que roube esta nova vedeta à SIC e faça uma daqueles lamechices que intitula de telenovelas. Sugiro como título “João e o telemóvel mágico”.

“ João era um pequenito de Maxial. Num dia infernal, devido aos gigantescos incêndios que assolaram esta pequena terra, e nos quais o nosso pequeno herói começou a dar mostras do seu grande carácter ao ajudar os bombeiros indo-lhes, abnegadamente comprar tabaco, fósforos, isqueiros e gasolina, esta aldeia ficou isolada, sem telefones. Mas aí o pequeno João pegou no seu telemóvel mágico e disse: velhinhos e velhinhas, menos velhinhos e menos velhinhas, eu tive um sonho. E nesse sonho via tudo preto. E não, não estava com os meus pais na Damaia. Dessa escuridão, a que por sinal já estou habituado, vi surgir uma luz verde. E essa luz verde piscava intermitente. Pensei ser Deus, mas Deus não é verde, é azul, como ficou na terça provado (isto era o pequeno João a fazer uso dos seus ainda desconhecidos poderes divinatórios). E a essa luz seguiu-se uma música, cada vez mais alta. Era a Assereje das Ketchup. Percebi então que era o meu telemóvel mágico. Surgido das nuvens como o super-homem, só que não voava, nem tinha super-poderes, nem uma capa e era sempre o mesmo telemóvel. E Deus disse-me, perdão, o telemóvel mágico disse-me, XPTO, o seu saldo é inferior a 5 euros, favor recarregá-lo. Aí eu percebi que desígnios mais altos se levantavam para mim. Fiz-me herói, e agora meu povo vos digo: Nunca mais ficará nenhuma chamada por fazer no Maxial! Ao acordar do meu sonho fiquei danado pois para além de não ter sonhado com a Marisa Cruz, o que eu tanto queria, acordei todo mijado e raios partam ainda levei uns tabefes da minha avó.”.

O brilhante foi que a SIC em exclusivo nacional recuperou esta história para fazer sequela. Todas as estações tinham publicado que o João e o seu telemóvel eram o único meio de comunicação na aldeia de Maxial. Até aí tudo bem. Agora a importância da história justificava uma segunda notícia? É claro que não. E a notícia, como já escrevi acima era de que o João tinha um telemóvel novo abnegadamente cedido por uma operadora móvel. Quanto altruísmo! E já agora publico também a sequela de “João e telemóvel mágico”.

“Passado algum tempo... o telemóvel mágico começou a apresentar sinais de cansaço. Estava riscadote, já (se) ouvia mal, microfone avariado e chips confundidos, o que fez com que a fada madrinha BODAFONA o substituísse. Foi então enviado para o seu último lar, o Aterro Sanitário de Alguidares de Baixo que o de Cima estava cheio. Não há dia em que o João não pense no seu telemóvel mágico e diga, aquele cabrão estava mesmo a precisar de ir pró lixo, e então primeiro a medo e depois em catadupa as lágrimas qual rio revoltoso apoderam-se da cara do pequenito João. Há quem diga que é do fumo que ainda chateia Maxial. Mas não, o nosso pequeno herói era um ser piedoso. Então a fada madrinha trouxe um novo ajudante ao pequeno João. Este era um topo de gama, com toques polifónicos, ecrã a cores, jogos e câmara fotográfica. Esta última funcionalidade serviu de muito para a vida do João. No início começou por tirar inocentes fotografias a velhinhos e velhinhas sorridentes. Mais tarde, e vendo as potencialidades que estavam aos eu alcance, começou a chantagear os Maxienses. Ninguém escapava à câmara pidesca do pequeno João. Foram as fornicações próprias e impróprias, roubos e sacanices, até a burra da Ti Alzira foi chantageada por ser amante do Ti Zé das couves. E Maxial nunca mais foi a mesma...”
Turismo com bons anúncios




Os anúncios turísticos que passam nas televisões sobre as províncias espanholas são soberbos. Apostar assim no turismo só pode trazer bons resultados.
4 de Setembro




Timor Leste, em 1999 os timorenses votaram em massa a favor da independência.
Bem vindo sejas!




Então quando é que vossa excelência aparece por cá para nos deliciar com as suas magníficas elocuções? O blog sente a falta de ideias mais arejadas, pois como bem sabes, não primo pela pluralidade. Ao fundamentalismo, quiçá por vezes mal disfarçado, contrapõe-se a tua pluralidade e abertura a novas ideias. Sê então bem-vindo e espero que o teu arranque à tanto adiado não sofra mais demoras.
Discriminações raciais




Nos Estados Unidos existem associações profissionais só para indivíduos negros. A associação dos psicólogos negros é um exemplo. No entanto, não serão estas associações pomo de racismo, geradoras de discussões em nome de raças ou comunidades, no fundo criadoras de xenofobia e ressentimentos? Ao se criar uma associação em que a cor da pele, e não qualquer mérito social, académico, profissional, etc., é factor eliminatório está-se a segregar uma importante fatia do seu grupo profissional. Penso eu, que tão bom advogado, médico, professor, psicólogo, é um negro como um índio, ou um branco, ou um hispânico (uma minoria com peso que é talvez a mais discriminada naquele país, inclusive pela minoria negra), ou um aborígene. Mas os profissionais que pertencem à população americana branca (de origem anglo-saxónica) seria crucificada se criasse uma associação branca do mesmo cariz.
Porque é que eu hei-de ser discriminado pela cor da minha pele? Não tenho culpa dos erros dos meus antepassados ao escravizarem outras etnias. E acho que não tenho que pagar por isso. Se eu prego a não discriminação em função da cor da pele ou outra característica qualquer tenho o direito a não ser discriminado em função de atrocidades passadas e correcções de erros anacrónicas e desfasadas.
Medo




A noite desperta os sentidos
Medos que julgávamos ocultos
Reaparecem. Fantasmas perdidos
Voltam para nos assombrar.


Triste fado o de viver sem medo.
Ó, que mórbido prazer
Se exclui da curta vida, talvez único.
Eis quando no espelho nos vemos um fantasma.


Noite




Ser um morcego. Ó felicidade
Dá-me o prazer (ou a cova)
De nesta nocturna cidade
Eu brilhar, qual lua nova!


2003/09/04

Política





A política portuguesa anda tão bem que há já algum tempo que não escrevo sobre ela
Feed-Back




Gostava de ter mais feed-back de quem me lê. Mas compreendo a impaciência de quem lê, a falta de tempo para escrever qualquer coisa, mesmo que até o queiramos fazer. Acontece-me o mesmo e quando deparo com blogs interessantes (bem mais que o meu...) raramente deixo algum comentário, ainda que me apeteça e o texto o justifique.
Actualidade




(...)
A maravilhosa beleza das corrupções políticas,
Deliciosos escândalos financeiros e diplomáticos,
Agressões políticas nas ruas
(...)
Notícias desmentidas dos jornais,
Artigos políticos insinceramente sinceros,
Notícias passez à-la-caisse, grandes crimes -
Duas colunas deles passando para a segunda página!
(...)
Ah, e a gente ordinária e suja, que parece sempre a mesma,
Que emprega palavrões como palavras usuais,
Cujos filhos roubam às portas das mercearias
E cujas filhas aos oito anos - e eu acho isto belo e amo-o! -
Masturbam homens de aspecto decente nos vãos de escada.
A gentalha que anda pelos andaimes e que vai para casa
Por vielas quase irreais de estreiteza e podridão.
Maravilhosamente gente humana que vive como os cães
Que está abaixo de todos os sistemas morais,
Para quem nenhuma religião foi feita,
Nenhuma arte criada,
Nenhuma política destinada para eles!
Como eu vos amo a todos, porque sois assim,
Nem imorais de tão baixos que sois, nem bons nem maus,
Inatingíveis por todos os progressos,
Fauna maravilhosa do fundo do mar da vida!


Pessoa foi um génio. A actualidade destes versos de Álvaro de Campos na Ode Triunfal é perturbante.
EUA e sua constituição




É tão revigorante ler críticas à constituição dos EUA por esta considerar o ser humano como imperfeito e falível. Faz ressuscitar em mim alguma americanice que os insucessos discursivos do Sr. Rumsfeld deitam por terra.
Protestantismo hoje




É impressionante que o Protestantismo que nasceu com uma das bases a ser a actualidade e modernidade, por crítica à religião Católica que estava completamente anacrónica, é hoje muito mais fanática e retrógrada, tendo um discurso público completamente anquilosado.
Atrocidades pela religião




Também eu sou totalmente contra o aborto. Agora matar um médico que o praticava (e o seu guarda-costas que não tinha culpa nenhuma) e afirmar que se o não fizesse nunca mais se poderia ver ao espelho é revelador de um fanatismo religioso próprio de países árabes radicais. Isto passou-se nos Estados Unidos, nos quais houve um verdadeiro levantamento popular contra os extremismos em nome de políticas ou religiões. Este cada vez maior peso da religião nos discursos da presidência, esta reconversão súbita e desesperada ao cristianismo, nomeadamente ao protestantismo (na maioria às igrejas com discursos mais radicalizados) que se seguiu ao 11 de setembro, no país com mais alta percentagem de ateus (8% em 1998) é assustadora e anuncia muitas mais atrocidades a serem cometidas pela luta do bem contra o mal e em nome de um Deus, que qualquer que seja, as condena.
3 de Setembro




Nesta data, em 1939, começou a Segunda Guerra Mundial, com a declaração de guerra à Alemanha pela Inglaterra e a França.
Ancas




Uma característica feminina que sempre me atraiu terrivelmente é o ter ancas largas. E com os conhecimentos antropológicos que agora tenho resta-me presumir que é a associação de uma mulher de ancas largas a uma boa parideira. O homem das cavernas que há em mim a manifestar-se com todo o vigor da vontade de ter extensa prole e espalhar a carga genética pelo maior número de boas parideiras possível.
Literatura Portuguesa e o seu ensino




Os programas curriculares de ensino da Literatura Portuguesa são algo deveras enganoso. Os alunos ficam com uma ideia da LP errada. Nos currículos a poesia é maioritária. Dá-se uma ideia de que só na poesia tivemos grandes autores, ficando a prosa e o drama relegados para planos infinitamente secundários. Mas será que realmente é assim? É certo que os, para mim, grandes génios literários escreveram maioritariamente poesia. Refiro-me a Luís de Camões e a Fernando Pessoa. Mas, mesmo este último, tem obra em prosa que deveria ser realçada.
Um dos meus autores favoritos, e um dos grandes autores em língua portuguesa é Camilo Castelo Branco. Este autor foi completamente arredado do ensino. De ele faz-se uma resenha histórica, mencionando-se também o nome de algumas das suas obras. No fundo, todo o período ultra-romântico é menosprezado. É ensinada com grande vigor a mudança que a Geração de Setenta, que introduziu o realismo e o naturalismo em Portugal, propiciou. O Ultra Romantismo é colocado sempre no papel de “mau da fita” representando a decadência literária e toda a degradação de costumes da sociedade portuguesa de então, como se fosse directamente responsável por tal. A carta de Antero de Quental, Bom Senso e Bom Gosto é mostrada como um magnífico exemplo da troca de opúsculos polémicos que ocorreu na altura. A carta resposta de Camilo, Vaidades Irritadas e Irritantes é mencionada pelo título e nunca objecto de estudo mais atento; e eu, considera a última um dos maiores exemplos de epístolas polémicas da Língua portuguesa, sem sombra de dúvida infinitamente superior, literária e estilisticamente, à de Antero.
Noutros países da Europa, nomeadamente em Espanha com Cervantes e o seu D. Quixote e em Inglaterra e Estados Unidos com William Shakespeare, os grandes autores da língua são extremamente valorizados, sendo-lhes dedicada uma quantidade de tempo muito maior que em Portugal. Só com tempo se consegue alcançar com alguma aproximação as obras dos grandes da nossa literatura. Com isto quero dizer que o tempo dedicado a Camões e a Fernando Pessoa é muito reduzido para se ter a pretensão que os alunos entendam minimamente o esplendor da obra literária destes dois autores. De Pessoa fica-se com a impressão de génio esquizofrénico e louco, que tinha várias pessoas dentro dele, logo um doido varrido. De Camões que foi um génio lá no antigamente, namoradeiro e valentão que morreu na miséria. Das obras, fica que os Lusíadas têm dez cantos, foram e são a obra máxima da pátria e pouco mais. De Pessoa que escrevia poemas muito malucos, difíceis de analisar como tudo e ... mais nada.
Moscas em filmes




É de ficar espantado com o papel tão importante na cadeia trófica que “holiodiscamente” lhes é sonegado. Mas porque será que estas fontes de perturbação não aparecem em filmes? Cá para mim este é mais um dos casos de discriminação das minorias. Holliwood revela mais uma vez um idealismo utópico de mundos ideais sem qualquer paralelo com a vida real. Isto é revoltante e alguém deveria tomar medidas para o corrigir. Apelo desde já ao Bloco de Esquerda, partido que sempre se mostrou aberto à defesa das minorias, que muitos invocam e ninguém apoia. Caros deputados do BE, façam uma petição à Assembleia da República por forma a ser proibida a projecção de filmes, que por não incluírem estes artrópodes, estão a atentar contra os mais elementares princípios dos direitos das minorias.
Lavagem cerebral




Li um artigo no site americandaily sobre lavagem cerebral que os professores americanos, segundo o autor tudo resultados do movimento hippie e frustrados por ter alunos que podem ter realizações profissionais mais lucrativas, fazem aos alunos ( no campo da política, história, etc). Ainda esse autor levanta a questão sobre a pertinência de se obrigar os professores (e eu acrescento todos os funcionários públicos) a um juramento de neutralidade política (e também acrescento eu, como as forças militares já o são). Quanto a este assunto, e sem assumir as teorias da conspiração que o autor do texto cria e sem entrar em diatribes sobre boas e más ideologias e o afastar as criancinhas da moral, religião e etc que os professores promovem, concordo que ao longo da minha vida estudantil me deparei com parcialidades (principalmente políticas) que me tentaram influenciar ou condicionar a minha escolha de valores e/ou ideologias. Outro campo do conhecimento que nos é mal ensinado é a História. E aqui saliento alguns títulos de assuntos mal-ensinados, ou melhor, com os “ensinamentos” do 25 de Abril e à boa maneira soviética de educar o povo, foram ensinados da maneira que as elites que decidiam acharam mais adequada para o cidadão ter a melhor compreensão da História como eles pensam que deve ter acontecido.
África – é preciso mudar(?)




“As reformas económicas em África só terão sucesso quando forem acompanhadas de reformas políticas”. Mas até que ponto será lícito que as civilizações ocidentais responsáveis pelas reformas económicas imponham regimes políticos, leis e reformas, que no seu ponto de vista são avanços civilizacionais, a povos ou países que não os pediram. Temos como exemplo de mudanças exigidas a democracia (por oposição às múltiplas ditaduras africanas), a separação entre os militares e a política (quando em África se vive um clima de alternância entre golpes militares), afastamento entre a política e a religião (esta é uma problemática de países com maiorias árabes, veja-se o exemplo da aplicação de leis religiosas como civis na Nigéria e a confusão que daí deriva; mas também em países de maioria católica, com bispos e padres demasiado interventivos, veja-se o exemplo de um religioso de Cabinda que é o porta-voz dos rebeldes), reformas administrativas e judiciais (neste ponto nem vale a pena comentar a situação em que se vive...).

Cargos




“Toda a gente sabe que os outros, quando ocupam cargos se aproveitam deles, logo toda a gente se serve dos cargos, quando os ocupa”.
Prova e Tentação




“O mesmo mal vem de Deus, que nos prova, ou do Diabo, que nos tenta.” Denis Diderot, em A Religiosa.
Pergunta




Em visita à belíssima e recente cidade de Valpaços, reparei que os relvados públicos ostentam uma placa indicando ser proibido pisar a relva. Pergunto-me se o jardineiro que a lá colocou não terá pisado a relva. Se sim, é preciso reagir Sr. Presidente...