2004/05/06



Dia 12



O bispo da cidade grande é uma personagem que por si só dará uma bela história. Mas faça-se primeiro uma resenha caricaturesca de sua Eminência (será que os bispos são eminências? Fiz esta pergunta ao padre Manuel e pus o homem de cama e a caldos dois dias...). É alto como uma cadeira, melhor ele é quase uma cadeira. Que não de rodas. Mas passa os dias sentado. É redondo como é da praxe, calvo das canseiras (não) eclesiásticas, chato, surdo, tartamudo e coxo. Ao caminhar move-se em diagonal imitando, engenhosamente, a peça de xadrez com o mesmo nome (o sacana só pode comer p’rós lados, é o que é...). Cospe baba e ranho como todos os eclesiásticos velhos. Os seus sermões (e isto foi-me confidenciado por uma fonte fidedigna) são só um. E nem mesmo essa pérola é original, tratando-se de uma cópia adulterada de um sermão do antigo (e para ele, vá de retro, saudoso) Cardeal Cerejeira (pois é mudam-se os tempos mas não se mudam as vontades. Evolui-se não é? Ou será Revolui-se? Já nem sei...).

Agora vou apresentar-vos pormenores sobre a vida deste bom homem, que era o que as sobrinhas diziam já que eu nunca verifiquei a sua bondade. Os meninos do coro também me lembro que não tinham queixas para este bom homem. Sempre os recheou de bons presentes e os sacos de guloseimas eram diários. Mais uma vez que fique registado. Eu nunca fui menino do coro. Deus me livre. Mas avançando e deixando esta (C)cruz para trás. O bispo, e isso nem o pode negar sempre foi um bom pai de família. Quantos filhos ( eram todos adoptivos, filhos das sobrinhas e de pai incógnito...) este homem estudou, colocou em bons lugares, arranjou bons trabalhos. E sem vínculos biológicos que o ligassem a estes filhos de Deus saberá quem... Abnegado e santo homem. O que nos vale é que ainda vai havendo muitos assim. Ou quando não são abnegados as criadas e sobrinhas (grande lata!!!) vêm dizer que os filhos são dos eclesiásticos. Blasfémia, grito eu! Por agora está feita a resenha do homem, carteiro de Deus. Continuarei numa próxima.

E assim se passou mais um dia desta (nem) sempre entediante vida na Parvónia.







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