2005/04/04

Esquerda/Direita nos Media

Eu não acho mal que um jornalista seja de esquerda ou de direita. O público que o vê, o compra ou ouve deve saber interpretar as notícias. O jornalista deve ser isento, na medida do possível, mas como é óbvio ninguém despe a pele que tem. E isso não é problema. O jornalista não é Deus. É falível, tendencioso, faccioso, como todos nós o somos qualquer que seja a nossa profissão. E por vezes mentirosos. Mas quem, de outras profissões, nunca mentiu em situação laboral? Quem não tiver pecado que atire a primeira pedra...
O que eu acho errado no panorama português é toda a gente da comunicação social, em segredinhos ou comentários extra-profissionais, reconhecer que a maioria dos nossos jornalistas são de esquerda, já não o assumindo publicamente. Parece que a honra da profissão está em causa! Irra!
É um facto. A comunicação social portuguesa e internacional é tendencialmente de esquerda.
E quem fala em manipulação patronal devia atentar neste facto. Pelo seguinte, qualquer indivíduo minimamente razoável de direita não terá problema em reconhecer que a comunicação social é gerida ou é propriedade de uma maioria de direita. Reconhecendo-se publicamente, como se faz às escondidas, que os jornalistas tendem a ser de esquerda, deve ser devidamente reconhecido que, apesar de todos os defeitos dos mass-media, ainda se vai mantendo algo de bom.
A coisa até podia ser pior do que é. Em certas profissões ninguém imagina ou concebe um empregado discordar publicamente das ideias do patrão. Ainda assim é na comunicação social que isso acontece e não será por acaso que estrutura é piramidal e tem no topo os patrões e estes são de direita. Alguém concebe que sendo amigo de um dono de um centro de inspecções automóveis um empregado lhe chumbe o carro depois do patrão ter dito - este passa? Não, ah pois não! No entanto, está a ser cometida uma ilegalidade grave, que os inspectores reconhecem quando pedem o fim desta relação patronal tão ubíqua.
E no jornalismo? Por acaso não lemos todos os dias o Público sabendo que tem colunistas e jornalistas de esquerda, sendo que também ninguém desconhece que é propriedade da Sonae do Eng. Belmiro de Azevedo. Faz confusão a alguém esta dicotomia? A mim não. Faz impressão aos jornalistas? Se sim, não parece!

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