2003/07/22
2003/07/20
Nunca compreendi o que passa pelas cabecinhas de esquerda quando defendem a auto-intitulada luta pela pátria palestiniana. Aceito que a Palestina deva ser um país. Historicamente foram conquistados por Israel e já não estamos na idade média para a conquista militar legitimar qualquer ocupação. Logo, Israel deve aceitar um estado palestiniano livre e independente. Mas não concebo que a Palestina ganhe esse estatuto à custa do medo, da violência, em suma, do terrorismo. Como é que podemos pensar que os actos de terrorismo dos grupos extremistas palestinianos são uma luta justa pela pátria? E logo a seguir condenar as respostas israelitas como agressões militares contra uma população civil indefesa, inocente e desarmada? Em primeiro lugar, sempre que os israelitas ripostaram os alvos eram políticos (envolvidos no terrorismo) ou para-militares. Quando havia baixas civis estas eram por danos colaterais inerentes a qualquer guerra. E, os palestinianos estão em guerra com Israel. A diferença é que os israelitas travam uma guerra “honesta” com um alvo não-civil bem definido, enquanto que, os palestinianos matam indiscriminadamente qualquer judeu. É também de notar que muitos dos alvos abatidos eram tão humanos e sensíveis que se faziam rodear de escudos humanos, que geralmente eram crianças, essas sim inocentes. Quem são os criminosos neste caso? A juventude palestiniana é treinada desde a infância em campos de morte para um dia “sacrificarem” a vida num atentado. Mas, não serão estas crianças simplesmente condicionadas a fazê-lo, sem esta ser uma escolha consciente e racional das mesmas? Os atentados suicidas merecem uma reposta militar. Não por serem militares a praticá-los, mas por serem actos de guerra contra um país, crimes bárbaros e sanguinários contra alvos civis (e poucos militares) indefesos e socialmente evoluídos ao ponto de não responderem na mesma moeda, isto é, com bandos de civis armados, matando qualquer pessoa da população inimiga. Por serem respeitadores de valores sociais e civilizacionais deixam a resposta para quem está mais apto e disciplinado para exercê-la. E, se repararmos bem, nunca é desproporcionada. Os grupos palestinianos armados não merecem ser intitulados de soldados. Um soldado vai para a guerra e enfrenta outros iguais a si. Tem ordens, tem missões para cumprir. Não vai para matar civis. As suas missões não o destinam a causar o maior número de baixas indiscriminadas entre militares e civis da população inimiga.
Sempre tinha pensado na guerra colonial como mais uma tentativa de um país anacrónico para continuar a ser um pseudo-império. Tinhamos ido à luta para refrear as pulsões independentistas de uma áfrica lusitana que, cada vez mais, queria ser como os seus irmãos, devolvida aos seus legitimos proprietários, por assim dizer. Mas, nos últimos tempos, outros factos têm despertado a minha atenção. Primeiro, e contra o que eu sempre tive por adquirido, não estávamos a perder a guerra. As nossas baixas sempre me pareceram enormes, mas, para o desenrolar do conflito, foram reduzidas. As baixas do inimigo, que na altura eram grupos terroristas e matavam portugueses civis e inocentes foram bem mais elevadas. Logo, a nossa guerra colonial, e todos os países europeus tiveram as suas, foi bem melhor conduzido que o que eu pensava. A nossa descolonização foi uma vergonha, o que eu já sabia, e podia ter sido muito mais vantajosa para nós. Evitar-se-iam as grandes perdas humanas e monetárias que a seguiram. E sempre tínhamos saído com a cabeça mais erguida.
No adro da igreja juntavam-se velhos e novos, uns na conversa, outros na brincadeira.
2003/07/12
2003/07/09
" Obrigado por ligar para o Instituto de Saúde Mental ,
sua mais saudável companhia nos seus momentos de maior loucura . "
Espere na linha enquanto localizamos a sua chamada.
transferida para o Departamento de Elefantes Cor de Rosa .
que número pressionar.
responder.
endereço, número do bilhete de identidade, data de nascimento , estado
civil e o nome de solteira da sua mãe.
que alguém tenha piedade de si.
antes do bip..... ou depois do bip... ou durante o bip... De qualquer modo,
espere o bip...
estão ocupados a atender pessoas importantes.
Ou, então, se o sol estivesse a brilhar, poderia medir a altura do barómetro, depois de assentá-lo na extremidade e medir o comprimento da sua sombra. Em seguida, iria medir o comprimento da sombra do arranha-céus e, depois de tudo isto, seria uma simples questão de aritmética proporcional para calcular a altura do arranha-céus.
Após a instauração do regime republicano, um decreto da Assembleia Nacional constituinte datado de 19 de Junho de 1911, Publicado no Diário do Governo nº141 do mesmo ano, aprovou a Bandeira Nacional que substituiu a Bandeira da Monarquia Constitucional. Este decreto teve a sua regulamentação adequada, publicada no diário do Governo n.º 150 (decreto de 30 de Junho).
Fernando Pessoa A Mensagem
Li o Dom Casmurro do Machado de Assis. Apesar de ser preconceituoso em relação ao Brasil e ao seu nível cultural (e escrever na afirmativa brasil e nível cultural não deixa de me provocar um sorriso cínico) tentei ser isento na sua avaliação. E que surpresa tive! Fiquei absolutamente deslumbrado com a qualidade literária do senhor. Nele encontro um paralelo muito marcado com Camilo Castelo Branco, fundamentalmente com Eusébio Macário e seguintes (sei que esta comparação nada tem de original mas, tinha que relatá-la). Gostei. Gostei mesmo muito. Mais surpreso fiquei com a biografia desse senhor. Autodidacta, baixo grau de instrução escolar e, no entanto, possuidor de uma capacidade literária de altíssimo nível. Resta-me o regozijo por ter sido devidamente reconhecido em vida tendo sido fundador e presidente da Academia de Letras do Brasil (penso que será este o nome da Academia).
2003/07/08
2003/07/07
Já o barómetro TSF anunciava na semana passada o que a sondagem da Universidade Católica para a RTP esta semana confirmou. O PPD/PSD subiu 5 pontos percentuais nas intenções de voto. E, a para mim piéce de resistance, foi o facto de os portugueses, apesar de acharem a situação económica muito difícil, admitirem que nenhum outro partido governaria melhor.
Eles comem tudo e não deixam nada.
Fiquei pasmo quando à tempos ouvi a Dr.ª Nogueira Pinto, provedora da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa a indicar o destino das verbas ganhas graças à concessão de jogos de fortuna e azar no território português. Com que então mais de metade das verbas (se não me engano 60%) destinam-se a ser gastas em Lisboa? E o resto do país? Os jogadores e fonte de receitas dessa entidade são maioritariamente de Lisboa? E falam em descentralizar e regionalizar quando até nestas questões sociais Lisboa rouba vilmente o resto do país. Resta dizer que a concessão à Santa Casa da Misericórdia de Lisboa é em exclusividade, logo esta detém o monopólio deste tipo de jogo. Porque não fazer como em Espanha que há uma entidade estatal a gerir o jogo que depois reparte com as várias comunidades de forma proporcional e justa. Para mim este injusto favorecimento de Lisboa em detrimento do resto do país é vergonhoso e próprio de um país repleto de auto-intitulados antifascistas que mais não são que umbiguistas da capital e para os quais Portugal é composto de Lisboa e o resto do país não passa de paisagem.
Poesia
Perseguição
Cai a noite a prenunciar angústias
E desgostos sem fim.
A tortura aproxima-se, célere,
Indiferente às minhas preces!
Se sofrer é necessário
A angústia, a espera
É mais torturante ainda.
Belicosa atravessa-me.
Possui-me sem eu o querer.
Atravessa-me a alma escura,
Macerada e quando me deixa
Sussurra – “Até amanhã...”.
Flavius, 29 MAR 02
Aqui vai um poema que lamentavelmente não é da minha autoria:
Hora de Amor
Vem.
Adormece encostada a este braço
Mais débil que o teu.
Entrega-te despida
Nas mãos dum homem solitário
Que a maldição não deixa
Que possa nem sequer lutar por ti.
Vem,
Sem que eu te chame, ou te prometa a vida.
E sente que ninguém,
No descampado deste mundo,tem
A alma mais guardada e protegida.
Miguel Torga, in Diário V.
E um extracto de outro:
...Só eu não posso acarinhar a sombra
Do teu rosto velado!
Só eu vivo afastado
Dos teus encantos!
E são tantos
E tais
Que eu não posso, paisagem,
Esperar mais!
Idem Ibidem
Entre todos os blogues consultados houve alguns que me marcaram e levaram a que despertasse em mim uma vontade de escrever, para ninguém em especial, somente para meu gáudio e desfrute. O primeiro foi o Abrupto, pela qualidade dos seus textos e capacidade expositiva de José Pacheco Pereira. Apesar de sermos do mesmo partido amiúde discordo dele. O segundo foi o Aviz. Meu companheiro Transmontano a sua escrita deslumbra-me. O terceiro foi o Gato fedorento. Humor corrosivo aliado a um lado político da esquerda bastante tragável. E o Zé Diogo Quintela a dar consistência à coisa, não fosse ele de direita. Last but not the least, a extinta Coluna infame. Por uma ninharia se perdeu uma das minhas melhores leituras. Adorava.
2003/07/04
Qual o propósito deste espaço? Não sei. Tenho ideias que nunca pensei partilhar. Parece-me o anonimato deste espaço o local e o tempo indicados. Este blog é para a minha exclusiva realização pessoal por isso, aos que o lerem, lanço o repto: -não aceito críticas. Aos que continuarem, divirtam-se e partilham algumas das minhas mais insanas ideias.