Guerra colonial
Sempre tinha pensado na guerra colonial como mais uma tentativa de um país anacrónico para continuar a ser um pseudo-império. Tinhamos ido à luta para refrear as pulsões independentistas de uma áfrica lusitana que, cada vez mais, queria ser como os seus irmãos, devolvida aos seus legitimos proprietários, por assim dizer. Mas, nos últimos tempos, outros factos têm despertado a minha atenção. Primeiro, e contra o que eu sempre tive por adquirido, não estávamos a perder a guerra. As nossas baixas sempre me pareceram enormes, mas, para o desenrolar do conflito, foram reduzidas. As baixas do inimigo, que na altura eram grupos terroristas e matavam portugueses civis e inocentes foram bem mais elevadas. Logo, a nossa guerra colonial, e todos os países europeus tiveram as suas, foi bem melhor conduzido que o que eu pensava. A nossa descolonização foi uma vergonha, o que eu já sabia, e podia ter sido muito mais vantajosa para nós. Evitar-se-iam as grandes perdas humanas e monetárias que a seguiram. E sempre tínhamos saído com a cabeça mais erguida.
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