2003/07/09

Quem sabe, sabe!




Num exame de Física da Universidade de Copenhaga saiu a seguinte questão: «Descreva como determinar a altura de um arranha-céus usando um barómetro.»
Um estudante respondeu: «Amarre uma longa corda à parte mais estreita do barómetro, a seguir faça baixar o barómetro do telhado do arranha-céus até ao chão. O comprimento da corda mais o comprimento do barómetro será igual à altura do edifício.»
Esta resposta altamente original enfureceu o examinador ao ponto de chumbar imediatamente o estudante. O estudante apelou baseando-se no facto de que a sua resposta estava indubitavelmente correcta e a universidade nomeou um árbitro independente para decidir o caso.
Na verdade o árbitro decidiu que a resposta estava correcta, mas que não demonstrava qualquer conhecimento de Física. Para resolver este problema foi decidido chamar o estudante e permitir-lhe que em seis minutos providenciasse uma resposta verbal, que mostrasse, pelo menos, uma certa familiaridade com os princípios básicos de Física.
Durante cinco minutos o estudante ficou em silêncio, franzindo a testa em pensamento. O árbitro lembrou-lhe que o tempo estava a passar, ao qual o estudante respondeu que tinha diversas respostas extremamente relevantes, mas que não sabia qual delas utilizar. Sendo avisado para se despachar, o estudante replicou da seguinte forma:
«Em primeiro lugar, poderia pegar num barómetro, ir até ao telhado do arranha-céus, deixá-lo cair ao longo da parede e medir o tempo que ele demora a atingir o chão. Desta forma, a altura do edifício poderá ser trabalhada a partir da fórmula : H= 0,5g x t2. Mas isto seria má sorte para o barómetro.
Ou, então, se o sol estivesse a brilhar, poderia medir a altura do barómetro, depois de assentá-lo na extremidade e medir o comprimento da sua sombra. Em seguida, iria medir o comprimento da sombra do arranha-céus e, depois de tudo isto, seria uma simples questão de aritmética proporcional para calcular a altura do arranha-céus.
Mas, se quiserem ser rigorosamente científicos acerca disto, poderão amarrar uma longa corda ao barómetro e abaná-lo como um pêndulo, primeiro ao nível do chão e depois ao nível do telhado do arranha-céus. A altura é trabalhada pela diferença na força da gravidade: T=2p.
Ou, se o arranha-céus tiver uma escada exterior de emergência, será mais fácil usá-la e marcar a altura do arranha-céus em comprimentos do barómetro, e em seguida adicioná-los por aí acima.
Se, simplesmente, quiser ser chato e ortodoxo na resposta, certamente, poderá usar o barómetro para medir a pressão de ar no telhado do arranha-céus e no solo, e converter os milibars em pés para dar a altura do edifício.
Mas uma vez que estamos constantemente a ser exortados a exercitar o pensamento independente e a aplicar os métodos científicos, indubitavelmente a melhor forma seria ir bater ao porteiro e perguntar se ele gostava de ter um barómetro bonito, e oferecia-lho desde que ele me dissesse a altura do arranha-céus.»
O estudante era Niels Bohr, o único Dinamarquês que ganhou o Prémio Nobel da Física.

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