Poesia
Perseguição
Cai a noite a prenunciar angústias
E desgostos sem fim.
A tortura aproxima-se, célere,
Indiferente às minhas preces!
Se sofrer é necessário
A angústia, a espera
É mais torturante ainda.
Belicosa atravessa-me.
Possui-me sem eu o querer.
Atravessa-me a alma escura,
Macerada e quando me deixa
Sussurra – “Até amanhã...”.
Flavius, 29 MAR 02
Aqui vai um poema que lamentavelmente não é da minha autoria:
Hora de Amor
Vem.
Adormece encostada a este braço
Mais débil que o teu.
Entrega-te despida
Nas mãos dum homem solitário
Que a maldição não deixa
Que possa nem sequer lutar por ti.
Vem,
Sem que eu te chame, ou te prometa a vida.
E sente que ninguém,
No descampado deste mundo,tem
A alma mais guardada e protegida.
Miguel Torga, in Diário V.
E um extracto de outro:
...Só eu não posso acarinhar a sombra
Do teu rosto velado!
Só eu vivo afastado
Dos teus encantos!
E são tantos
E tais
Que eu não posso, paisagem,
Esperar mais!
Idem Ibidem
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