2003/07/07


Poesia




Perseguição



Cai a noite a prenunciar angústias
E desgostos sem fim.

A tortura aproxima-se, célere,

Indiferente às minhas preces!



Se sofrer é necessário

A angústia, a espera

É mais torturante ainda.

Belicosa atravessa-me.



Possui-me sem eu o querer.

Atravessa-me a alma escura,

Macerada e quando me deixa

Sussurra – “Até amanhã...”.




Flavius, 29 MAR 02




Aqui vai um poema que lamentavelmente não é da minha autoria:




Hora de Amor




Vem.

Adormece encostada a este braço

Mais débil que o teu.

Entrega-te despida

Nas mãos dum homem solitário

Que a maldição não deixa

Que possa nem sequer lutar por ti.

Vem,

Sem que eu te chame, ou te prometa a vida.

E sente que ninguém,

No descampado deste mundo,tem

A alma mais guardada e protegida.






Miguel Torga, in Diário V.





E um extracto de outro:



...Só eu não posso acarinhar a sombra

Do teu rosto velado!

Só eu vivo afastado

Dos teus encantos!

E são tantos

E tais

Que eu não posso, paisagem,

Esperar mais!




Idem Ibidem

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