2003/11/29

A GNR e o Iraque




«Os ambientalistas afiançam que o nosso país ainda “está muito aquém” de possuir as medidas mínimas necessárias ao combate e prevenção de catástrofes semelhantes. Mas dinheiro para enviar os guardas para o Iraque, foi só estalar os dedos... Demagogia? Nem por isso. Uma simples constatação.»




Realmente... Também concordo. Esta de nos estarmos a armar em grandes, a tentar ser imitações pobres de grandes potências mundiais ainda vai dar em desgraça... Nunca vamos ser como estes colossos económicos e militares que também têm homens no Iraque (já agora, ao abrigo do direito internacional e da resolução 1441 do Conselho de Segurança das Nações Unidas) que vou nomear a seguir :


Hungria 140 Homens
Azerbeijão 150
Mongólia 160
Honduras 368
Rep. Checa 400
Bulgária 500
Roménia 700
Ucrânia 1650
Polónia 2350


É de notar os países que vão ser membros da União Europeia e os que já são da NATO, logo, disputam espaço vital económico e militar com Portugal. Como se vê, não têm pejo em assumir políticas de aproximação aos EUA, conquistando ao mesmo tempo uma posição, quer na Europa, quer no mundo.
São as questões de geopolítica e visão estratégica para o desenvolvimento num mundo globalizado que a esquerda não quer perceber ou finge não serem importantes. Enterrar a cabeça na areia só resulta mesmo com a avestruz. Não participarmos numa operação militar internacional com medo de beliscaduras, pois nunca seremos alvo para o terrorismo. Pois é, até que aconteça, somos uns anjinhos que não incomodamos para não nos incomodarem. E continuar a pensar que os problemas são dos outros. A continuarmos nessa anterior estratégia a nossa, cada vez menor, influência internacional desapareceria. Temos que garantir um capital de projecção que nos garanta apoio para implementar estratégias económicas e militares que nos favoreçam. Temos que garantir que podemos ser beneficiados com a conjuntura internacional, mantendo a nossa tradição de solidariedade e justiça.
Esperemos também, que não haja acidentes com o subagrupamento alfa da digníssima GNR. Estou certo que não haverá. Afinal, os nossos homens, quer a GNR, quer as Forças Armadas, sempre primaram por uma excelência, reconhecida por todos os que com eles colaboraram, em todas as missões que desempenharam no estrangeiro.
Fica aqui um dado: Fora Britânicos e Norte-Americanos, afinal, o tal exército invasor , foram mortos 18 Italianos (todos de uma vez no reles atentado em Nassíria; num total de 3000 homens), 3 Espanhóis (num total de 1255), 2 Ucranianos (num total de 1650), 1 Dinamarquês (num total de 420) e 1 Polaco (num total de 2350 homens). Mesmo do lado invasor, as baixas são relativas; 278 Americanos (num total de 130.000) e 20 Britânicos (num total de 9900).
Mas, embora muita gente às escondidas tenha sentimentos diferentes, espero sinceramente que não hajas vítimas. Tenho um amigo numa missão de paz e quatro que seguirão, em breve, para outra. Sei na pele o que é apóia-los nessa decisão, dar-lhes força e coragem para a desempenharem da melhor forma possível. Acredito nesse ideal. Por isso estou com os valentes que estão no Iraque. Força e voltai bem.
Agora a questão financeira. Os 128 militares da GNR fazem parte do corpo de intervenção. Logo, por mais falta de pessoal que este corpo tenha, não são estes homens que vão preencher as vagas. A questão é de fundo e não é de agora. Resolveu-a o PS? Pois sim... Falta gasóleo para pôr os jipes a trabalhar? O problema aconteceu agora e devido à partida destes elementos para o Iraque? Não me parece... Temos um contingente com perto de 900 homens em Timor. As despesas com essa missão são muitíssimo maiores. Alguém se queixa? Ou será outro exemplo de “vassalagem” aos EUA? Ou será por solidariedade que este governo manteve a política do anterior e continuou o envio de tropas para Timor? Pois é... Face à barbárie a que todos assistimos é unânime a opinião de que devemos ajudar Timor. Mas o Iraque não! Porquê? Necessitarão menos da nossa ajuda? Ou por haver interesses económicos, nós, os desinteressados portugueses, não devemos participar! Só quando as causas são nobres e não possamos retirar qualquer vantagem da projecção de força esta deve ser empregue. Porque nós não queremos ser associados à guerra de interesses! Não. Somos muitos hipócritas para isso. É claro que os países que ajudarem à pacificação do Iraque irão beneficiar de favorecimentos económicos na recuperação do Iraque. E porque não aproveitar, ao mesmo tempo dando garantias aos nossos aliados que estamos com eles? Santa hipocrisia, que devias ser padroeira nacional!
Já agora, se morrem mais portugueses nas estradas que no Iraque, e sendo as estradas um dos locais de trabalho da GNR, não será mais seguro para estes estar no Iraque que a trabalhar em Portugal?

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