2003/09/15
Estabilidade social e educação – caso do Reino Unido
Estava a ver uma notícia sobre a escolaridade de indivíduos negros no Reino Unido. É muito menor que a dos brancos e outras etnias. Só 40% dos estudantes negros do secundário acabam o liceu. Um fosso educativo estabeleceu-se entre a etnia negra e as outras, logo, a tendência será o agravamento das tensões sociais. Esta parcela da população, que na maioria nem acaba o liceu, vai ter menos possibilidades de colocação em boas profissões, com boas remunerações e boas condições de vida. O caminhar para o estabelecer de guetos sociais cada vez mais difíceis de erradicar parece uma certeza. O fosso educacional tende a agravar-se nas gerações futuras, com o aumento do sentimento de revolta dos jovens. A segregação futura para que propendem tende a reflectir-se em aumento do crime e no despontar da vida marginal como carreira.
Um responsável da comunidade negra pelo estudo do problema da educação dizia que os estudantes negros tinham entradas fulgurantes na vida escolar mas que, por volta dos 10, 12 anos tinham quebras de rendimento muito grandes, principalmente no sexo masculino. Ele sugeria como hipótese a dificuldade na transição de ritmo entre a primária e a secundária. Estão a ser criados vários mecanismos para modificar esta situação, entre os quais a criação de escolas em que os formadores são os pais dos alunos e todos os professores são negros. Dizia um destes pais/formadores que, actualmente, os jovens negros pensam mais na sua integração em grupos marginais do gueto, em não trabalharem, em dedicarem-se mais ao crime. Grande parte por influência da filmografia negra dos Estados Unidos.
O verdadeiro combate ao racismo e à perfeita integração de todas as etnias num conjunto social parte pela educação. Agora um dos problemas que o caso inglês nos coloca é a possibilidade dos tempos de aprendizagem da etnia negra ser diferente da do padrão branco. Até que ponto será possível ultrapassar o tabu da igualdade total para se admitirem diferenças que depois de identificadas e feitas as adaptações a cada segmento da população, se traduzirá no aumento da estabilidade social, diminuição dos comportamentos sociais desintegrantes e disruptivos.
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